Trinta anos de trabalho no mundo em permanente transformação permitem constatar o enorme desafio de orientar a escolha profissional e carreira. No passado pessoas escolhiam uma profissão para a vida toda, começavam a trabalhar na profissão em que se graduaram e aposentavam-se nessa mesma formação, dedicando-se a atividades de natureza muito semelhantes. Agora isso não é mais realidade. O jovem escolherá uma primeira carreira, e não saberá por quanto permanecerá nela.
Mudanças no cenário e no mercado
Até a década de 80 competência técnica assegurava emprego formal. Pessoas preparadas não precisavam temer desemprego.
Avanços tecnológicos, automação de fábricas, implantação de sistemas computadorizados nas áreas administrativas e financeiras foram eliminando postos de trabalho.
Na década de 90 tomou-se consciência do crescente nível de desemprego.
Carreira não é mais sinônimo de promoção ou de espaço garantido por laços afetivos e familiares. Sem se prender ao cargo e à descrição de função, fará melhor quem ampliar competências, conhecer a empresa e o seu negócio, mostrar-se curioso e interessado em fazer o que for preciso fazer.
Muda o status de profissões tradicionalmente vistas como garantia de prestígio e renda. A medicina cada vez mais socializada, o aumento do número de escolas de direito, sistemas informatizados para projetos de engenharia e arquitetura mostram como resultado a redução de ganhos e de ocupações.
O grande desafio é analisar os novos paradigmas que orientam escolha profissional na virada do milênio. Mais que a opção profissional é preciso discutir o perfil do profissional da entrada do século XXI.
Rumos para a carreira do novo milênio
Dentre as competências exigidas pelo mercado destaca-se a competência emocional que começa pelo auto conhecimento e culmina com a aptidão para as relações interpessoais. Os especialistas em recrutamento e seleção procuram pessoas preparadas para trabalhar em equipes, dotadas de multi competências.
Empresas buscam lideres, não chefes como nas décadas seguintes à revolução industrial.
Cada vez mais a gerência decorre da relação verdadeira, da capacidade de elogiar, da coragem de dar retorno, falar de coisas embaraçosas, pontuar o mau desempenho com respeito, leveza e firmeza. Um mundo em permanente transformação pede cooperação e sinergia. Teimosia, vaidade, individualismo são posturas dificultadoras do trabalho em equipe.
Além da competência interpessoal, vamos ter que vender nosso próprio produto. E isso vai exigir uma outra habilidade: uma postura de atendimento que conjugue ética e estratégias comerciais.
Aprender a negociar, lidar com erros e criticas, fará parte da bagagem do profissional do terceiro milênio, independentemente da ocupação escolhida.
Publicado no Jornal A Gazeta (Vitória-ES) – SET/2001